quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Erotismo: não vem com bula


Eu tenho uma desconfiança de que realmente a concepção do erótico muda a partir do casamento. Talvez por perceber que o conjunto das idéias e mais um monte de coisas que se fazia e pensava serem eróticas, não são, são apenas clichês construídos por uma propaganda de convencimento absurda. Ou mudam  por um desencucamento de manter a performance também construída e vendida no erotismo comum, na pornografia e até na novela das 8.
As mulheres são vítimas terríveis dessa concepção juvenil do erótico, deixam inúmeras vezes a oportunidade do sexo passar, mesmo tendo os olhos acesos e o corpo falando, porque lembram que estão com a depilação vencida e uma calcinha grande.
Não, senhoras e meninas, sexo é sexo e pode vir com um pouco de pelo, isso inclusive está previsto, uma vez que não fazemos sexo com a testa, e de preferência sem calcinha, é o que menos importa.
O que eu quero dizer é que tenho  observado muito essa questão e percebido que principalmente no Rio de Janeiro, onde é verão semi-nu 11 meses do ano, e como já sabido por todos nós, o erótico é identidade natal, uma mudança, um relaxamento da ditadura do meia-taça, das calcinhasinhas, do salto alto, enfim daquela coisa sempre pronta para matar, a máquina mortífera do amor. Entretanto venho reforçar a tese de que essa mudança de concepção é privilégio das casadas, salvo algumas excessões.
Os casais descobrem que aquela coisa mais superficial, como o salto, por exemplo, vai embora em cinco minutos, portanto, caros leitores é preciso descobrir o erótico das preliminares, do ato em si, e dos possíveis elogios sacanas do depois.
Libertem-se, libertem-se preparem algo especial para o aniversário e sejam eróticos todos os dias, inclusive naqueles em que não houver sexo.
O casamento nos permite sermos as mulheres de verdade que nós somos, e contar para eles quem é o homem que nós desejamos e vice-versa.
O erotismo é particular de cada um e os jogos eróticos das palavras, dos gestos, dos brinquedos e das brincadeiras devem estar estabelecidos de acordo com o gosto e apetite do casal. Não há uma regra universal, erótica da madona não funciona para mim, por exemplo, porque acho aquele soutien pontudo engraçado, e considero as roupas andrógenas demais, não curto sadismo nem dominação. É gosto.
Os casais constroem alternativas mais consistentes para se manterem eróticos, e abrir caminho para essa nova concepção que garante o impagável conforto da calcinha grande, do TOP, da cueca samba-canção e por aí vai.
As flores de plásticos não morrem, mas também não perfumam, abaixo toda artificialidade entre os casais, e viva meu marido que me inspirou para esse post, por adorar a mulher da pornô-chanchada brasileira, com uma barriguinha, pouquinho peito, uma depilação duvidosa, cabelos volumosos, cintura fina e que se amarrava num barbudinho ou bigodudo, nem um pouco sarado.

O beijo, termômetro do erotismo entre os casais, mas esse merece um post especial, fica para outra ocasião, apenas aqui um conselho: beijem-se.

Queridos: ponham as crianças para dormir e boa brincadeira.



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Prova de Amor

Para começo de conversa vou explicar: sou romântica.
Não, não não! Não me confundam, não estou num romance da Disney, não espero o beijo, o príncipe, não sou a bela...
Sou romântica porque levo bem e até consigo ver poesia nas desgraças da vida, aquilo que foi meio mal, aquilo que é meio feio, então, topo dizerem que sou uma romântica a lá Bridget Jones no limite da razão.
O erro, a confusão, a briga, o chilique (na maioria das vezes desnecessário), colocam situações tão difíceis que só sendo muito romântico para reverter. Essa habilidade, o romance, é disciplina obrigatória nesse curso nada fácil chamado casamento ou vida a dois, vida privada, ou como queiram.
A crise existirá e só os românticos serão capazes de criarem clima de abonança depois destas tempestades. O romântico enxerga além do descompasso, do descabelamento maluco, das bochechas vermelhas, dos gritos etc .A vida privada é uma comédia, já dizia o mestre Nelson Rodrigues, e o romance dessa natureza burlesca, esse romance que não é romanceado, dissimulado por posturas mais firmes,ou mais eróticas, nada docinho ou melancólico, mas sim com essa habilidade para estar quase sempre no limite da razão, e com a sobriedade necessária para não transformar esse quadro num canastrão drama mexicano.
O casamento é como aquele contrato assinado em que não se  leu as letras miúdas. E é preciso muito disso chamado romance para fazer valer aquela idéia sobre o real apresentado pelo cotidiano.
Então, senhores casais o romance é a dose diária de sobrevivência do casamento, e portanto agradeçam...
por todo romance guardado no silêncio, no olhar, pelo que traz à razão, pelo riso, por guardar o riso em respeito as supostas crises ou dores, pela gentileza de ouvir e por ignorar quando não vale a pena, por massagens nos pés, por lavar o banheiro, guardar a louça, por fazer possível a convivência em nome de algo que romanticamente chamamos de AMOR.
bom domingo para os casais......

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Listas antigas


Caros amigos,
o carnaval acabou, e voltando a vida real nos deparamos com a velha lista:
Júlio: tem que trocar a persiana do quarto, buscar o ar condicionado na casa da amiga Rosana, trocar a carrapeta da torneira do tanque, consertar a maçaneta da porta da entrada social, colocar o acabamento da nossa estante da sala no lugar certo, comprar a tinta para pintar as paredes e falar com sr. Antônio o Zelador para fazer esses ajustes.
Parece uma missa, acho verdadeiramente que essas são tarefas para o macho dominante resolver, o mesmo que sempre mija no poste te envergonhando, quando não necessário. O mesmo macho que grita no taxi meio embriagado de carnaval o que quer fazer contigo no hotel. Defendo a tese de que não dá para ser meio macho, macho de conveniência, "sou macho provedor" -Eu adoro!, e não sou macho fuded... (com o perdão da palavra). Aliás meus amigos para comer tem que prover.

Sendo assim Sr. meu marido Júlio A .Rodrigues, esta lista tem prazo, e não é pressão, é viver com o mínimo de dignidade, eu preciso de maçanetas para abrir minha porta, e me recuso aquele cadarço preto que está segurando a torneira do tanque. -Aliás, bem lembrado: se aquilo segura a torneira, qual daquelas marmotas que você chama de tênis está sem cadarço?

Enfim casar implica em dividir tarefas e se ele topar encapar caixas e ajeitar vasos de flores, combinar os lençóis eu troco a maçaneta numa boa, só não vou fazer tudo.

E sem exageros, mas pelo real potencial que a coisa tem, me sinto dentro da sessão da tarde no clássico filme :"Um dia a casa Cai".