Eu tenho uma desconfiança de que realmente a concepção do erótico muda a partir do casamento. Talvez por perceber que o conjunto das idéias e mais um monte de coisas que se fazia e pensava serem eróticas, não são, são apenas clichês construídos por uma propaganda de convencimento absurda. Ou mudam por um desencucamento de manter a performance também construída e vendida no erotismo comum, na pornografia e até na novela das 8.
As mulheres são vítimas terríveis dessa concepção juvenil do erótico, deixam inúmeras vezes a oportunidade do sexo passar, mesmo tendo os olhos acesos e o corpo falando, porque lembram que estão com a depilação vencida e uma calcinha grande.Não, senhoras e meninas, sexo é sexo e pode vir com um pouco de pelo, isso inclusive está previsto, uma vez que não fazemos sexo com a testa, e de preferência sem calcinha, é o que menos importa.
O que eu quero dizer é que tenho observado muito essa questão e percebido que principalmente no Rio de Janeiro, onde é verão semi-nu 11 meses do ano, e como já sabido por todos nós, o erótico é identidade natal, uma mudança, um relaxamento da ditadura do meia-taça, das calcinhasinhas, do salto alto, enfim daquela coisa sempre pronta para matar, a máquina mortífera do amor. Entretanto venho reforçar a tese de que essa mudança de concepção é privilégio das casadas, salvo algumas excessões.
Os casais descobrem que aquela coisa mais superficial, como o salto, por exemplo, vai embora em cinco minutos, portanto, caros leitores é preciso descobrir o erótico das preliminares, do ato em si, e dos possíveis elogios sacanas do depois.
Libertem-se, libertem-se preparem algo especial para o aniversário e sejam eróticos todos os dias, inclusive naqueles em que não houver sexo.
O casamento nos permite sermos as mulheres de verdade que nós somos, e contar para eles quem é o homem que nós desejamos e vice-versa.
O erotismo é particular de cada um e os jogos eróticos das palavras, dos gestos, dos brinquedos e das brincadeiras devem estar estabelecidos de acordo com o gosto e apetite do casal. Não há uma regra universal, erótica da madona não funciona para mim, por exemplo, porque acho aquele soutien pontudo engraçado, e considero as roupas andrógenas demais, não curto sadismo nem dominação. É gosto.
Os casais constroem alternativas mais consistentes para se manterem eróticos, e abrir caminho para essa nova concepção que garante o impagável conforto da calcinha grande, do TOP, da cueca samba-canção e por aí vai.
As flores de plásticos não morrem, mas também não perfumam, abaixo toda artificialidade entre os casais, e viva meu marido que me inspirou para esse post, por adorar a mulher da pornô-chanchada brasileira, com uma barriguinha, pouquinho peito, uma depilação duvidosa, cabelos volumosos, cintura fina e que se amarrava num barbudinho ou bigodudo, nem um pouco sarado.
O beijo, termômetro do erotismo entre os casais, mas esse merece um post especial, fica para outra ocasião, apenas aqui um conselho: beijem-se.
Queridos: ponham as crianças para dormir e boa brincadeira.